Em 2018 nós – Jessica Lauriano e Juliana Pautilla – duas artistas mineiras morando em São Paulo, inventamos uma casa, física e poética, morada e obra conceitual. Era a Casa da Pau-Brasil. Vivíamos dentro de uma casa de 240 metros quadrados no bairro Sumaré e para sobreviver financeiramente e artisticamente - isso está imbricado na vida de artista – criamos um projeto de residência artística, com moradia e ateliê temporário para artistas. A cada ciclo abríamos a casa para a comunidade em geral, mostrando as ações e criações, ou com ateliês abertos, festas e na pandemia, discussões online sobre as pesquisas desenvolvidas. Naquele momento pensávamos em cuidado de si, cotidiano, coexistência.
 

Em 2021, em plena pandemia, e com a casa colocada à venda, criamos o Programa Pororoca, uma ideia mais expandida das ações da casa, com propostas mais abertas, inventando modos virtuais e presenciais que coubessem naquele momento tão complicado. Confinadas, inventamos residências internas e aos poucos fomos abrindo para que artistas pudessem entrar novamente na casa. O programa nos deu liberdade para experimentar formatos diversos que permeassem, além da pratica de gestão de residências, o fomento ao estudo destas práticas aliadas ao pensamento sobre arte contemporânea. Foi quando realizamos conversas, debates e grupos de estudo.
 

No ano seguinte, em 2022, saímos da sede-casa e criamos uma proposta de residência modo ateliê, numa vila histórica (Vila Savoya), na Barra Funda, também em São Paulo. Nesse modelo, os ateliês eram compartilhados entre artistas, que contavam com o acompanhamento de uma curadora para orientação e discussões sobre os trabalhos em desenvolvimento. Neste mesmo ano entendemos que era necessário repensar nossas bases, já que o formato de convivência, como nasceu nosso modelo de residência, era o que gostávamos de fazer.
 

Daí, em 2023, as coisas mudam de rumo e um desejo antigo se tornou realidade. Ser itinerante. A partir daí a itinerância se torna o eixo central de nossas ações, podendo desenvolver residências em parcerias com outras gestoras/gestores e fora de São Paulo, promovendo encontros significativos com agentes culturais de diversas regiões do Brasil, muitas vezes fora dos circuitos artísticos tradicionais.
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Atualmente, o Programa Pororoca se manifesta como um projeto dinâmico e aberto, estruturado em diferentes frentes que refletem um compromisso em produzir redes, estimular a criação e propor olhares transformadores sobre a vida.​